Confesso que li: Os Três [Resenha]

Autora: Sarah Lotz
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788580412697
Páginas: 400
Título Original: The Three
Nota: 4 Estrelas

Sinopse: Quinta-Feira Negra. O dia que nunca será esquecido. O dia em que quatro aviões caem, quase no mesmo instante, em quatro pontos diferentes do mundo. Há apenas quatro sobreviventes. Três são crianças. Elas emergem dos destroços aparentemente ilesas, mas sofreram uma transformação. A quarta pessoa é Pamela May Donald, que só vive tempo suficiente para deixar um alerta em seu celular: “Eles estão aqui. O menino. O menino, vigiem o menino, vigiem as pessoas mortas, ah, meu Deus, elas são tantas… Estão vindo me pegar agora. Vamos todos embora logo. Todos nós. Pastor Len, avise a eles que o menino, não é para ele… Essa mensagem irá mudar completamente o mundo.

Antes de mais nada, quero agradecer à Gabi Cadamuro, do blog Cranela, por me apresentar a este livro na Bienal e me deixar morrendo de vontade de lê-lo. Não fosse por ela, provavelmente nem saberia que este livro existe, o que seria uma pena – mesmo com aquele fim meio duvidoso. Mas ok, vamos por partes.

12 de janeiro de 2012, o dia que abalou o mundo. Quatro acidentes aéreos ocorrem em cantos diferentes do mundo, praticamente ao mesmo tempo, matando quase todos os passageiros. Quase. Bobby Small, Jessica Craddock e Hiro Yanagida são, sem contestação, milagres. Nenhum dos especialistas parece entender ou conseguir explicar como essas três crianças sobreviveram aos acidentes e, ainda por cima, totalmente incólumes. Enquanto centenas de pessoas tiveram suas vidas ceifadas pelos supostos acidentes, as três crianças foram encontradas, resgatadas e levadas de volta às suas família, para descrença de todo o mundo, que não entendia como elas teriam sobrevivido às quedas. Mas alguma coisa mudou após o acidente, algo não está muito certo. Os responsáveis pelas crianças começam a notar pequenas alterações no padrão de comportamento e na personalidade, mas tentam se convencer que trata-se apenas de estresse pós-traumático. Só pode ser isso, não há outra explicação racional, há? Enquanto diversas teorias de conspiração começam a pipocar pelo mundo, tentando justificar por que as crianças viveram, as famílias tentam retomar a rotina, evitando o assédio da impressa e dos malucos. Mas no acidente da Sun Air, no Japão, houve outra sobrevivente, que resistiu aos ferimentos apenas tempo o bastante para deixar uma mensagem bem perturbadora em seu celular: Pamela May Donald, a única americana a bordo. A mensagem que ela deixou trará consequências devastadoras não só para as crianças, mas para todo o mundo.

Esse foi o tipo de livro que já me fisgou de primeira. Literalmente. Li os dois primeiros parágrafos e já não queria mais largar o livro – ponto para Sarah, que tem uma narrativa realmente fascinante. Uma coisa que eu simplesmente amei no livro foi a forma que ele foi construído: ele é, na verdade, um livro dentro do livro. Temos um primeiro capítulo, intitulado “Como Começa”, que retrata, sobre o ponto de vista da Pamela, como foi o acidente da Sun Air. Depois disso, temos o início do livro “Quinta-Feira Negra: da Queda à Conspiração“, ‘escrito’ por Elspeth Martins. O livro (dentro do livro) é um dossiê, onde a autora foi reunindo entrevistas, reportagens, artigos, e-mails, conversas de chat, entre outros, para remontar a história da Quinta-Feira Negra – e tudo que se seguiu. Desde o começo já sabemos que algo aconteceu, algo de muito errado, mas é apenas aos poucos, conforme vamos avançando na história, que vamos desvendando (?) o que aconteceu. O livro é dividido em partes, sendo a primeira “A Queda”, entre as partes dois e nove o livro alterna entre “Sobreviventes” e “Conspiração”, e a décima parte é “Fim do Jogo”. A investigação cobre os acontecimentos entre janeiro e julho daquele ano, sendo que cada parte cobre um período da história, em ordem cronológica. Nas partes de “Sobreviventes”, lemos todas as entrevistas e relatos diretamente relacionados aos três sobreviventes e às pessoas que conviviam com eles, e as partes de “Conspiração” cobrem o desenvolvimento das principais teorias de conspiração em volta dos acidentes, em especial a de religiosos fanáticos, pertencentes ao culto do Fim dos Tempos, que acreditam que todos os acontecimentos são uma prova de que o fim do mundo está próximo.

Os personagens “principais” (tomo aqui como base aqueles que aparecem com maior recorrência, como Paul Craddock, Lillian Small, Len Vorhees, Reba Louise Nelson, Chiyoko Kamamoto, etc) são bem desenvolvidos e completamente humanos. Ninguém é completamente “bom” ou “mau”, mas fica evidente que todos têm um pouco de cada, assim como é na vida real. Quanto aos Três, realmente surge essa curiosidade sobre eles: são apenas crianças normais, sofrendo de estresse pós-traumático? São algo a mais? O quê? Preciso confessar que meus trechos preferidos eram do Paul Craddock, pois ver a transformação dele pouco a pouco, além dos comentários sobre a Jess, trouxe para mim alguns dos melhores momentos da leitura. Mas como temos uma rotação muito grande de personagens, e a maioria só aparece uma vez, não é o tipo de livro que você consegue verdadeiramente se apegar a todos os personagens. Gostei de dois ou três, sim, mas a multidão de personagens impedia uma ligação mais profunda.

Agora, meu grande problema com o livro: o fim. Infelizmente houve muita especulação para pouca (ou nenhuma) conclusão. Por muito tempo, enquanto lia o livro, minha principal dúvida era justamente como ela iria encerrar a história. Afinal, os lunáticos dos ovni’s estariam certos? Ou seriam os fanáticos do Fim dos Tempos? Ou nada disso, e a autora apresentaria algo completamente novo? Passei o livro inteiro curiosa, pensando, antecipando, tentando resolver o mistério dos Três – principalmente impulsionada pelo comportamento da Jess, porque sim. Então cheguei ao fim do livro e a autora não apresentou a conclusão dos mistérios apresentados. Sim, alguma coisa ou outra ela amarrou, mas a maioria da história ficou com pontas soltas, no estilo “o leitor tira suas próprias conclusões”. Isso pode funcionar em alguns livros, mas acho que para esse foi um grande (gigantesco!) ponto negativo. Não acho que coube nesse livro esse tipo de encerramento, e acabou desmerecendo toda a experiência da leitura. O livro foi bom, a conclusão deixou a desejar – e muito. Por mais que o trecho final do livro, “Como Termina”, tenha apresentado uma linha de raciocínio, ainda ficou muito vago e ambíguo, do tipo que te faz pensar “mas é sério que acabou assim?”. Então não sei, fico em dúvida. Adorei toda a leitura, achei a composição do livro fantástica, a Sarah tem uma narrativa muito gostosa de acompanhar, que realmente te prende à história, mas o fim foi realmente fraco. É um bom livro, mas poderia ter sido fantástico.

Aproveito também para falar da edição, que aí sim é uma coisa fantástica. A capa tem verniz localizado (eu tenho um sério problema com capas texturizadas ou diferenciadas, me julguem) e toda a lateral do livro é preta. Sim, isso mesmo que você ouviu, é toda preta. Apenas a borda da página é tingida, mantendo a parte interna da folha amarelada, mas já serve para dar um efeito incrível, o que ajuda ainda mais no “clima” do livro. Apesar de ser um livro sem orelhas, a edição é realmente muito bonita.

26 comentários sobre “Confesso que li: Os Três [Resenha]

    • Liah Nogueira disse:

      Ah, que bom que gostou, fico feliz em saber! *-* Sim, o livro realmente é muito interessante, mas o fim realmente desanima um pouco. Acho que se tivesse uma conclusão, se ela tivesse desenvolvido uma conclusão definitiva para a história, teria ficado infinitamente melhor. Uma pena…
      Beijos e ótima semana!

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  1. Bruna Lombardi disse:

    Eu quero muito ler este livro. Terror bom é o que te deixa assim nesse psicológico alterado. Causa arrepios, mas sem ser muito escancarado.
    Amei a resenha.
    Eu li algumas resenhas negativas… Mas não desisti da leitura não. E com as resenhas que ando lendo, inclusive a sua, a vontade só aumenta!!!

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    • Liah Nogueira disse:

      Olá, Bruna, boa noite! 😀
      Apesar de muitas pessoas classificarem como terror, acabou parecendo mais um suspense mesmo para mim. Não tem alguns elementos clássicos do terror, mas tem todo o mistério da queda dos aviões e da mudança de comportamento das crianças. Mas concordo, o melhor terror é aquele sutil, que mexe com o psicológico, e não o que coloca um monte de sangue e você fica pensando “que diabos?!”, hehe.
      Entendo a parte negativa das resenhas, o desfecho realmente deixou – e muito – a desejar, mas eu consegui, de alguma maneira, relevar isso. Gostei bastante da construção da história, então, mesmo com um fim bem fraco, não consegui desgostar do livro como um todo… Espero que goste tanto quanto eu, e fico feliz por saber que gostou da resenha :3
      Beijos e ótima semana!

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  2. Aliscia disse:

    Oi ^^
    Que capa linda, maravilhosa, tudo de bom é essa? Sério gente, além de super sugestiva, é aparentemente simples….
    Adorei sua resenha 😀
    Esses livros que tratam de assuntos “suspeitos”, como o dia 12/12/12, por exemplo, me chamam muito a atenção *–*
    Parabéns, com certeza adicionarei o livro a minha lista de leitura 🙂 beijos

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    • Liah Nogueira disse:

      Hey, Aliscia!
      Sim, isso que amei na capa! Ela instiga a curiosidade com muito pouco. É simples, mas já te faz questionar todos os elementos presentes. E opa, que bom que gostou da resenha! Espero que goste da leitura também 😀
      Beijos e ótima semana ^^

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  3. gabrielaamoroso disse:

    Nãaao acredito, Liah! Jura que o final é ruim? Eu não solicitei esse livro, porque achei que ia ficar com medo da história. Ai comecei a ver umas resenhas falando super bem, me arrependi e fiquei muito curiosa. Curiosidade do tipo: qual é a dessas crianças? São do mal, do bem, da onde?. Agora você vem me falar que a autora deixou as coisas mais importantes nas nossas mãos? Sacanagem. Estou inconformada, mesmo sem ler o livro. Imagina se tivesse lido? :X

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    • Liah Nogueira disse:

      Hey, Gabi!
      Então, não necessariamente “ruim”, mas pode-se dizer que quase não existe. Você fica esperando o desfecho, a resolução do mistério, e ele não vem. Não cheguei a sentir medo, também achei que seria um pouco mais sombrio, mas acaba sendo mais mistério que terror. Realmente, a curiosidade durante toda a leitura goes through the roof, a cada vez que elas faziam uma coisa “anormal” eu ficava me perguntando o que seria aquilo, afinal. Bom, o triste é que continuo me perguntando, hehe. Mas valeu pelo restante da leitura, que me conquistou 😀
      Beijos e ótima semana!

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  4. Bianca Bernardo disse:

    Olá, vi esse livro na livraria esses tempos e achei lindo a diagramação, mas como não gosto de ler sinopses acabei deixando pra lá. Mas com a tua resenha me deu uma vontade imensa de ler esse livro, nunca ouvi falar de nenhuma história desse tipo e realmente, parece fascinante.
    Beijos – lendocomabianca.blogspot.com.br

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    • Liah Nogueira disse:

      Oi, Bianca, boa tarde!
      Sim, também tenho esse problema e não ler sinopses, principalmente em livrarias. Peguei mania de tirar foto da capa, assim fica mais fácil lembrar que o livro existe, hehe. E opa, espero que leia e goste, e que consiga relevar o fim 😀
      Beijos e ótima semana!

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    • Liah Nogueira disse:

      Oi, Vinicius, quanto tempo 😀
      Sim, a capa é realmente linda, já me conquistou de cara, e gosto ainda mais das laterais pretas – sério, que coisa genial! E apesar de não ser uma mega promoção, lembro que consegui por um valor legal no aniversário do Submarino. E opa, obrigada 😀
      Beijos e ótima semana!

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  5. Arielle Lima disse:

    Olá, Liah!
    Bom, também não sabia sobre o livro, mas confesso que sua resenha me deixou com vontade de ler. A trama parece ser, tipo, uau! Vou até falar para Aline a fundadora do blog deste livro, achei a cara dela.
    Bjuu, adorei!

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  6. Caverna Literária disse:

    Meu deus, preciso urgentemente desse livro!! Já tinha visto a resenha de um amigo, e ele bajulou tanto a história que fiquei extremamente curiosa pra ler e desvendar qual é o mistério dos três. Com a sua resenha então, não sei como me segurar pra não jogar os estudos pro ar e ir atrás do livro 😦 HUAHUA Adoro esse suspense que a autora pelo visto criou. Pelo que você falou no início, supus que eles tinham sido abduzidos, encapetados OU que é algo estilo Premonição. Acertei? -n HUAHUAU mas é uma pena a autora ter deixado tão aberto o final. Ainda mais pra um livro como esse, onde o mistério é desde a primeira página, a resolução é algo crucial, que não tem como simplesmente deixar pra imaginação do leitor, pois exatamente, já passamos o livro inteiro deduzindo explicações, então nada mais justo que ela mesma fazer isso, nem que seja a pior explicação possível. Ou talvez aí ia dar na mesma :c mas da forma que ficou dá a impressão que nem ela mesma tem certeza do que criou

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br/
    Vem conferir o Especial de Halloween que tá rolando na Caverna!

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    • Liah Nogueira disse:

      Hey, Carol, boa tarde!
      HIASUDHASUIDHAUISDHAUISDHAUI Bom, é uma leitura interessante, para dizer o mínimo. Eu realmente fiquei presa do começo ao fim, querendo descobrir “qual era” a dessas três crianças, o que estava acontecendo na história, qual das teorias “malucas” seria a certa. Realmente foi uma pena a autora optar por não dar um desfecho, ficando o mistério ainda nas nossas mãos. Concordo com você, no caso de um livro que nós já passamos o tempo todo imaginando e questionando, é bom ter um encerramento. Para alguns casos, funciona a fórmula do “o leitor decide”, como a questão de Maze Runner (CRUEL é bom? Vai da opinião de cada um), mas aqui eu achei que não foi uma boa escolha. Apesar disso, ainda consegui gostar o bastante do começo e do meio para relevar o desfecho, então acho que vai muito de gosto, hehe.
      Beijos e ótima semana!

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  7. Sofia Trindade disse:

    Sou louca pra ler esse livro e a cada resenha minha loucura por ele aumenta. Eu fiz de tudo para ganhar ele, desde o começo do ano, mas pelo visto nem pai de santo pode me ajudar em sorteios kkkk Um dia, vai chegar o tão esperado momento que eu vou tocar nessa linda belezura e ler até rasgar (mentira!) kkkk
    bjs bjs
    formula-amor.blogspot.com

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    • Liah Nogueira disse:

      HASUIDHASUIDHAUSIDHAUIS Poxa, Sofia, espero que consiga logo! Por mais que tenha ficado decepcionada com o desfecho, as outras páginas fizeram a leitura valer a pena. E eu fiquei tão encantada pela edição que ficava tomando o maior cuidado do mundo enquanto lia, aposto que contigo será o mesmo, hehe.
      Beijos e até a próxima!

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