Confesso que li: Extraordinário [Resenha]

Autor: R. J. Palacio
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580573015
Páginas: 320
Título Original: Wonder
Nota: 4 Estrelas

Sinopse: August Pullman, o Auggie, nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele nunca frequentou uma escola de verdade… até agora. Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros. Narrado da perspectiva de Auggie e também de seus familiares e amigos, com momentos comoventes e outros descontraídos, Extraordinário consegue captar o impacto que um menino pode causar na vida e no comportamento de todos, família, amigos e comunidade – um impacto forte, comovente e, sem dúvida nenhuma, extraordinariamente positivo, que vai tocar todo tipo de leitor.

Depois de muito ouvir falar e de ler muitas recomendações, finalmente resolvi me entregar ao universo de “Extraordinário“, da autora R. J. Palacio. Essa era um livro que eu já estava querendo ler há algum tempo, não com tanta ansiedade, mas com um pouco de curiosidade. Vi inúmeros posts no Facebook exaltando o livro e estava com uma mega expectativa, mas, mais uma vez, não foi bem o que eu esperava. Não que tenha sido ruim, porque não foi, foi apenas diferente.

O livro conta a história de August Pullman, um garoto que nasceu com uma rara condição genética que fez com que seu rosto apresentasse uma deformidade. Acostumado a receber olhares indiscretos das outras pessoas, como se fosse uma aberração ou um monstro, ou um tratamento especial de seus familiares, como se fosse um dos maiores milagres da vida, August é o único que se vê como verdadeiramente é: um garoto normal. A história começa quando August já está com dez anos. Tendo sido submetido a diversas cirurgias ao longo de sua curta infância, August nunca havia frequentado uma escola comum, sendo educado em casa por sua mãe. Mas, agora que as cirurgias e longos períodos de recuperação estão fora da jogada, sua mãe acredita que seria uma boa ideia inscrever August para o 5º ano, para que ele possa socializar mais com outras crianças da sua idade, ter uma vida um pouco mais comum. Depois de relutar um pouco, August aceita ir à escola, desde que possa desistir quando quiser.

Como eu disse, o livro não é bem o que eu esperava. Pelo que havia visto no Facebook, achava que seria uma visão mais “adulta” do universo desse garoto extraordinário, com um texto em terceira pessoa. Mas, por ser narrado em primeira pessoa, podemos ver toda a história pelos olhos do próprio August, o que ele pensa e como ele reage à sua situação. A narrativa acaba, por isso, sendo mais leve e quase “infantil”, não de um jeito ruim, apenas refletindo a perspectiva do próprio protagonista. Acompanhamos a rotina de August enquanto ele trilha seus primeiros passos no ensino fundamental, tendo que enfrentar os problemas em se tornar o centro das atenções (e não de uma forma positiva) por causa do seu rosto. Confesso que sofri um bocado no começo do livro, até me acostumar com o jeito que a história é contada. Os relatos do August são divididos em pequenos capítulos, que para mim acabaram dando uma sensação de “quebra” na história. Muitas vezes pensei que tudo poderia estar em um só capítulo, mais longo, ao invés de se dividir em dois ou três, o que acabava me irritando um pouco. E, ao contrário do que a opinião geral parecia expressar, no começo eu não gostei muito do August. Ainda naquela visão “adulta” que eu tinha imaginado, não estava preparada para um personagem tão infantil, reclamão e muitas vezes mimado. Pelo menos essa foi a impressão que me passou no começo do livro, principalmente na discussão sobre ele ir ou não à escola, quando ele realmente me pareceu um pouco chatinho. Mas o livro foi avançando e eu pude conhecer melhor o August, o que – felizmente – tirou essa visão inicial que tive dele.

O livro não se mantém focado apenas na visão do August, mas também apresenta alguns momentos em que podemos acompanhar a história do garoto pela perspectiva de outros personagens, como sua irmã ou alguns de seus amigos. Foi na parte da Via que eu finalmente comecei a gostar da história e da leitura, vi que a linguagem usada apenas refletia a mente do August, mas que havia muito mais conteúdo. Depois de passar pelas partes de todos os outros personagens, consegui gostar mais da narrativa do August – vai entender.

Quando comecei o livro, estava esperando uma grande lição de vida. Algo que dissesse “não reclame tanto da sua vida, quando existem pessoas que estão passando por situações bem mais complicadas do que você. Não seja tão ingrata“. E, apesar de apresentar isso de uma maneira bem sutil, acabou não sendo o principal objetivo do livro. No fim da leitura, passei a enxergar o August exatamente como ele se via: um garoto simples, normal, e que por isso não deveria ter sua vida considerada como uma lição de vida para ninguém. Alguém que não deveria ser parabenizado ou usado como inspiração, simplesmente por ser como é e “ainda assim” ter uma vida normal. Com uma narrativa bem leve e que acaba te prendendo, não é difícil devorar esse livro. E cabe aqui ressaltar os preceitos do senhor Browne, que acabaram gerando uma das frases de maior repercussão do livro. Não foi o que eu esperava, mas realmente valeu a pena.

Talvez a única pessoa no mundo que percebe o quanto sou comum seja eu.”

11 comentários sobre “Confesso que li: Extraordinário [Resenha]

  1. Paula Mirella disse:

    Eu seeei, eu sei!
    Essa resenha é “antiguérrima”, ( e cá entre nós, você precisa fazer mais, amo suas palavras e suas opiniões sobre o que lê ❤ ), mas quando exploro os blogs literários sempre me aparecem as resenhas.
    Enfim, vamos aos comentários. Hahaha.
    Bom, eu nunca realmente tinha parado para ler resenha alguma dessa obra. Eu simplesmente sempre recebia indicações, elogios, e como você até falou: Pessoas "endeusando" o livro.
    O achei incrível, na verdade. Não tenho o que reclamar. Não foi aquele livro que "mudou minha vida", tanto quanto "O Menino do Pijama Listrado" não mudou. E falam muito sobre o mesmo.
    Foi bacana observar as perspectivas de August, mas muitas vezes a narrativa as vezes se tornava meio perdida e sem sentido, ao menos para mim. Eu daria 4 estrelas.
    Um beeeeijo, moça! Se cuida, tá?! ❤
    Paula, Poetisa & Literária

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    • Liah Nogueira disse:

      Aaah, Paula, assim você me derrete *—-* Fico feliz que goste das resenhas, de verdade, isso só me incentiva a continuar ❤ E sim, eu também sempre saio procurando pelas resenhas nos blogs, hehe.
      Já tinha lido algumas resenhas antes de começar a leitura, e todas seguiam a mesma linha dos comentários no facebook, retratando o livro como uma das coisas mais fantásticas da literatura. Por isso, quando comecei a ler, tive que passar por uma fase de "adaptação", para entender que, nem só por não ser como estava imaginando, era ruim. Me adaptei com o ritmo e com a escrita e até gostei da história, mas não entrou na lista de favoritos. Mas é realmente uma questão de gosto, não? hehe
      Beijos e se cuide também *–*

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  2. Juliane Fogaça disse:

    Oi Leilah!
    Tudo bem?

    Antes de mais nada, confesso que me surpreendi ao encontrar o blog de cara nova, mas ficou bem melhor assim!! ^^

    Sobre o livro, sabe que gostei bastante da sua resenha justamente por ela ser diferente das outras? É que assim a gente pode ter uma visão mais global da história, se preparar melhor para ela. Inclusive particularmente falando essa resenha veio em boa hora, já que ele é uma das minhas próximas leituras e isso com certeza vai me ajudar bastante na hora de analisar o livro.
    Parabéns pela resenha impecável, como sempre!

    Bjos,
    Juh!

    http://usagisworld.blogspot.com.br/

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    • Liah Nogueira disse:

      Hey Juh, boa tarde! Tudo ótimo, e contigo? ♥
      Opa, que bom que gostou! Tinha cogitado esse theme quando criei o blog, mas acabei ficando com o outro (não sei bem porque). Mas não estava muito feliz, por isso acabei trocando para esse, hehe.
      HAHAHA que bom *-* Às vezes penso que acabo sendo muito chata, ou que vão pensar “que absurdo, como ela disse isso do livro?!”, mas fazer o quê? Eu acabo criando certas expectativas pelo que vejo as pessoas comentando, e aí descubro que não era bem como eu imaginava quando começo a ler. Aconteceu o mesmo com “O Lado Bom da Vida” e “As Vantagens de Ser Invisível”. Assim como em “Extraordinário”, gostei das histórias, mas não eram do jeito que eu tinha imaginado. E sim, vi no post do “Desafio 20 anos, 20 livros” que você ganhou “Extraordinário”, espero ver a resenha por lá em breve, para ver sua opinião sobre o livro 😀
      Aah, obrigada, de verdade *—-*

      Beijos e ótima semana!

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  3. Ana Carolina disse:

    Adorei a sua resenha, principalmente por ter desmistificado o livro, pois sempre ouvi falar muito bem dele, porém sempre tive a sensação que o livro não era tudo o que estavam falando! Amei o blog, Parabéns!
    Beijinhos

    ddiariodeumalivromaniaca.blogspot.com.br

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    • Liah Nogueira disse:

      Boa tarde Ana, seja bem vinda ao blog! 😀
      O livro é divertido, sim, mas também tinha essa impressão de “endeusamento”, o que não foi bem o que eu encontrei ao ler. É um livro bom, mas não entrou para os meus favoritos. Vale a leitura para aquele momento de descontração ou para relaxar entre uma leitura mais pesada e outra, você avança pela história sem nem perceber e, quando dá por si, já terminou. É bem levinho e gostoso de ler :3
      Beijos e ótima semana!

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  4. monalisamarques disse:

    Sua resenha me fez lembrar “O garoto do pijama listrado”. Você já leu? É bem legal, apresenta a história também sob o ponto de vista de uma criança (que se não me engano também tem 10 anos). Mas no caso desse livro, a tradução me incomodou bastante em algumas partes.
    Nunca li “Extraordinário”. Como é que fica esse título no meio de toda essa história? Ah, e eu sempre achei a capa dele linda! 🙂
    Um beijinho,
    Mona
    http://www.literasutra.com

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    • Liah Nogueira disse:

      Oi Mona, boa tarde! ♥
      Não, ainda não li, mas minha irmã tem o livro e qualquer dia vou reunir coragem e começar a leitura. A parte de um dos personagens de “Extraordinário” (a do Justin, se não me engano) é bem de dar nos nervos, porque ele não usa letra maiúscula, é tudo em letras minúsculas e isso me deu desespero. Mas, felizmente, é uma das partes mais curtas. E o título se refere ao próprio August, referindo-se a ele como um garoto extraordinário – pelo menos é assim que seus pais o enxergam, e as outras pessoas passam a enxergá-lo depois de conhecê-lo. E sim, é uma capa simples mas muito atraente. Já viu a capa branca? Acho ainda mais bonita :3
      Beijos e ótimo fim de semana!

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    • Liah Nogueira disse:

      Hey Aliscia, boa tarde! 😀
      Sim, a capa é muito legal, mas queria muito ter a capa branca, acho mais legal. E sim, é uma leitura bem legal para sair dos clichês, para dar uma relaxada entre um livro mais pesado e outro, vale a pena. Opa, que bom que gostou ♥
      Beijos e ótimo fim de semana

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